quarta-feira, maio 27, 2009

Velhinhos..

O ônibus para para pegar mais passageiros, e enquanto uns entram rapidamente, um casal de velhinhos se apressa para chegar a porta. Sobem bem devagar degrau por degrau. Ela ,uma gracinha, toda de cabelo preso por presilhas com cristais. Tinha os olhos fundos, como se a vida dela tivesse sido longa e cheia de conflitos ou muitas histórias pra contar, olhava de baixo pra cima porque era baixinha, menor que o marido. Vestia um vestido branco com rosas em amarelo, rosa e lilás, tinha um cinto que marcava a sua cintura e cabelos longos e brancos presos pela presilhas. Ele, sério, usava chapéu preto com grandes abas. Mesmo de chapéu dava pra notar seus cabelos brancos bem curtos, aparados com uma certa vaidade. Vestia uma calça preta com a blusa de mangas longas por dentro da calça, todo de pano passado. Deviam estar vindo da missa na Igreja Branca, assim como o povo chama aquela igreja. As missas aconteciam regularmente faça chuva ou faça sol. Os dois eram tão unidos, que andavam de mãos dadas todo o tempo, como se a qualquer momento um não pudesse ter mais o outro e então eles aproveitavam todo o tempo do mundo pra ficarem perto e unidos. Como se eles já não estivessem unidos pelos espiritos, pelas almas, pelos anos juntos, cumplices em todos os momentos. Quantos filhos eles devem ter, moram onde, tiveram uma vida de dor ou felicidade?
Não dá pra não imaginar essas coisas diante de tanta vida, na sua frente, e você não saber se vai conseguir chegar á uma velhice. Os dois levavam nas mãos um guarda chuva daqueles bem grandes, e duas rosas cada um. Ela com uma branca e uma vermelha, ele com duas vermelhas. E nós, como aquelas rosas, precisamos dos velhinhos perto nos segurando, nos levando pela mão para onde a vida já esteja por demais vivida.
A.D.

segunda-feira, maio 25, 2009

Tragédia

Sentei no bar, pedi uma vodka. Queria me entorpecer aquela noite como nunca antes. Pensava na vida da forma mais cruel e dolorosa. A vida me tirou uma das coisas mais bonitas e eu sabia que seria assim mesmo, que um dia tudo acabaria para de novo começar. A vodka chegou com muito gelo e pouco limão, do jeito que eu gosto. Uma amiga que estava comigo, falava de um garoto que ela tinha conhecido e que estava apaixonada, mas não queria coisa séria, tipo namoro. Queria curtir todas as sensações de uma nova paixão sem ter a castração de um namoro. Foi ai que escutei uma risada e me virei para saber quem era o dono daquela risada. Nossa....... Era um anjo, de cabelos cacheados, pretos como seus olhos, boca de um sorriso lindo e espontâneo. Nos olhamos no mesmo instante e depois não tive como conter o impulso da paquera. Paquerar me faz sentir vivo e naquele momento era o que eu precisava.
Levantei para ir ao banheiro e ele seguiu os meus passoscom o olhar. Minha amiga me chama pra fumar um baseado de um soltinho maravilhoso e claro asseitei. Enquanto dichavava pra depois apertar, o garoto que deveria ter uns 22 anos, estava de blusa azul, bermuda jeans preta e chinelos, sorriu e por um gesto me comprimentou. Eu retribui. O baseado estava pronto, podiamosir fumar. Pagamos a conta e fomos fumar do lado do bar, depois de um muro pra não dar bandeira. Sentamos na calçada e acendemos. O anjo se levantou, colocou sua mochila nas costas e ficou esperando seus amigos irem ao banheiro. De pé na calçada ao lado do muro onde estavamos fumando, ele sentiu a marola e veio ver quem estava atrás do muro. Se espantou ao me ver porque achava que a gente tinha ido embora. Me viu e sorriu. Era sincero aquele sorriso. Os amigos dele chegaram e foram atravessar a rua para outra calçada, e como se estivessemos ipnotizados um pelo outro, ele não se vira pra olhar os carros porque tem os olhos fixos nos meus. E pra acabar mais com minha sensação de vida, um carro em alta velocidade vem e o atropela.
A.D.

Carta de exorcismo (ainda incompleta)

Lendo aquela carta que me deste, naquela noite, lembra? Decidi escrever minhas palavras através das tuas. Para mim as palavras tem um novo significado, o significado do sentimento. Por mais que insista em não aceita-lo, ele me domina como nunca antes. Era uma carta pra só ler quando em casa chegasse, e minha cama me guardasse como seus braços me guardariam um dia. Pois assim te escrevo agora, em minha cama e sem os seus braços e abraços. Juntos pareciamos um só, vivendo, comendo, viajando, dormindo, acordando, bebendo, cantando, e agora não somos um, somos o novo. O passado se firma cada dia para criar meu alicerce nessa longa e empolgante construção. Botando tijolo por tijolo. Não calcularei a medida da folha nem o número delas para dizer-te tudo, ou quase tudo. A distância não consegue me afastar de ti, por incrível que pareça ela faz me aproximar cada dia mais da sua pessoa. Meus sonhos se resumem a uma só coisa, você. Sonhos bons, sonhos ruins, elas me perseguem nessas noites de chuva ou de calor, sob as estrelas do sul ou do norte, lua nova e lua cheia, ai meu deus, e luas cheias. No mar tento me purificar, mas Iemanjá me faz repensar e lá vou eu de novo a sonhar. No meio da tarde sob um sol escaldante volto a te visitar e a sonhar mais, revivendo. Mas que palavra é essa? Não se vive novamante o que viveu, só se vive o hoje, o agora. Mais um motivo para escrever-te. Estou feliz, não posso negar, mas ainda não é a felicidade completa, e pensando bem, estou completo mas nã de felicidade. dias e meses e anos já se passaram dores também. Essa carta não posso escreve-la só em uma noite talvez nem em meses. Esta carta não é pra você ler, é pra conseguir me libertar de ti. Nas minhas longas viagens a procura da sua cura, vejo e começo a acreditar que a cura é a distância, a falta de notícias. Mas como te-la se não a quero? Então , um dia ei de querer.
No outro procuro o outro, mas que é outro e eu não quero outro. Quero aquele outro. Aquele que me fez outro. E assim encontrei. E não quero mais o mesmo. Olhe pra ti e veja que esse outro não é este outro aqui.......
A.D.

quarta-feira, maio 13, 2009

A PROCURA

Nas ruas , esquinas , um outro lugar , qualquer um , nunhum qualquer.
Procuro no asfalto o cheiro.
Nas calçadas o gosto.
Nas paredes o toque.
No céu , só as estrelas conseguem se achar.
O vento escorre para todas as direções sem pensar e sem saber no que vai dar.

A.D.
A INCERTEZA ME MOVE NA DIREÇÃO DO ESCURO. SEM SABER PREVER O FUTURO DESPENCO AMARGO NO INFINITO DO MEU SER.

PREPARO TUDO DA MELHOR FORMA POSSÍVEL, MESMO NA OPRESSÃO DA VIDA, DEIXO TUDO EM PLENO CALOR DE MAIS UM E BELO DIA.

DO FOGO NEM AS CINZAS FICARAM, EVAPOROU-SE COMO A ÁGUA DA CHUVA EM PLENO VERÃO, COMO O AMOR QUE INSISTO EM EVAPORAR.

PASSAR PELOS MEUS POROS, FICAR EM MINHA PELE, SE JUNTAR A MINHA ALMA. É SÓ ISSO QUE PEÇO.

A.D.

MAIS UM

Se te faço bem porque nao me olhas?
Cruzar o que não pode se evitar.
Entregar-se ao mais livre sentimento.
Ser o que se quer, não o que se pode.

A.D.