O ônibus para para pegar mais passageiros, e enquanto uns entram rapidamente, um casal de velhinhos se apressa para chegar a porta. Sobem bem devagar degrau por degrau. Ela ,uma gracinha, toda de cabelo preso por presilhas com cristais. Tinha os olhos fundos, como se a vida dela tivesse sido longa e cheia de conflitos ou muitas histórias pra contar, olhava de baixo pra cima porque era baixinha, menor que o marido. Vestia um vestido branco com rosas em amarelo, rosa e lilás, tinha um cinto que marcava a sua cintura e cabelos longos e brancos presos pela presilhas. Ele, sério, usava chapéu preto com grandes abas. Mesmo de chapéu dava pra notar seus cabelos brancos bem curtos, aparados com uma certa vaidade. Vestia uma calça preta com a blusa de mangas longas por dentro da calça, todo de pano passado. Deviam estar vindo da missa na Igreja Branca, assim como o povo chama aquela igreja. As missas aconteciam regularmente faça chuva ou faça sol. Os dois eram tão unidos, que andavam de mãos dadas todo o tempo, como se a qualquer momento um não pudesse ter mais o outro e então eles aproveitavam todo o tempo do mundo pra ficarem perto e unidos. Como se eles já não estivessem unidos pelos espiritos, pelas almas, pelos anos juntos, cumplices em todos os momentos. Quantos filhos eles devem ter, moram onde, tiveram uma vida de dor ou felicidade?
Não dá pra não imaginar essas coisas diante de tanta vida, na sua frente, e você não saber se vai conseguir chegar á uma velhice. Os dois levavam nas mãos um guarda chuva daqueles bem grandes, e duas rosas cada um. Ela com uma branca e uma vermelha, ele com duas vermelhas. E nós, como aquelas rosas, precisamos dos velhinhos perto nos segurando, nos levando pela mão para onde a vida já esteja por demais vivida.
Não dá pra não imaginar essas coisas diante de tanta vida, na sua frente, e você não saber se vai conseguir chegar á uma velhice. Os dois levavam nas mãos um guarda chuva daqueles bem grandes, e duas rosas cada um. Ela com uma branca e uma vermelha, ele com duas vermelhas. E nós, como aquelas rosas, precisamos dos velhinhos perto nos segurando, nos levando pela mão para onde a vida já esteja por demais vivida.
A.D.
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